domingo, 9 de janeiro de 2011

e-Pobreza

 

Poderá ser o novo plug-in que os jogadores de CityVille terão acesso por apenas 5 euros. Se for jogador registado do FarmVille poderá aceder às suas quintas, a partir das periferias da cidade, e assim também ter acesso à instalação deste novo Plug-in: o PoorVille. Tal como se percebe, não é mais que um novo conceito de pobreza na sua dimensão digital denominada por e-Poverty.

O utilizador inicia-se numa cidade repleta de caos social. São um infinito número de sem-abrigo espalhados pelas ruas, crianças com fome que olham para as montras dos restaurantes, seres humanos perdidos, com sacos vazios nas mãos, à espera que se abram portões de armazéns, animais abandonados que bebem a água que jorra de canalizações transformadas em coadores, mulheres que fogem com crianças ao colo do cliente diário do almoço e do jantar lá de casa, homens, mulheres e crianças com cancro lutando pela vida com a ajuda de instituições que se vão mantendo vivas com a solidariedade de quem vê - ou de quem acorda por momentos – ou até mesmo do resultado de leilões imaginativos e caminhadas de quatro centenas com dorsais que vão aos milhares.

Esta é apenas uma parte do cenário da cidade que o utilizador tem pela frente logo no início do jogo. O jogo arranca com um pequeno filme animado a 3D em que o indivíduo se vê a braços com a perda de emprego e uma sentença em tribunal que o faz ver todos os seus bens lhe serem retirados. A personagem começa assim desempregada e dentro das portas de um Centro de Emprego para fazer a sua inscrição. Nesta ficha é onde realmente, o utilizador, passa de utilizador a jogador e tendo a noção que todos os dados, aí colocados, serão públicos na rede para os jogadores com o "PoorVille".

A sua missão é ajudar a cidade a sair do flagelo. A situação familiar será idêntica à que tiver colocado na ficha de inscrição, como tal, casados com filhos terão pela frente um desafio maior. Terá de conseguir alimento para si, e para os seus, participando, por exemplo, no apoio logístico dos armazéns de distribuição de alimentos, pelas instituições existentes, durante uma parte da manhã. Tem sempre acesso a participar durante o dia nas formações do Centro de Emprego. Pode tentar adquirir material para se iniciar a desenhar o seu projecto, mas para isso vai precisar de dinheiro virtual. Não havendo, ainda em carteira, propostas de emprego, pode sempre recorrer a algum tipo de trabalho comunitário, como por exemplo, varredor, de onde se obtém um salário simbólico para o estado mas muito importante para um jogador que não tem para comer.

Este é apenas um cenário exemplo que poderá encontrar neste novo ambiente digital da nova Web e do mundo das redes sociais. A partir daqui só a imaginação e a astúcia dos jogadores poderão desenhar histórias mais elaboradas e verdadeiros campeões que se erguem do nada. Quem sabe chega ao nível em que consegue abrir a sua própria empresa ou mesmo uma instituição de solidariedade e ganhar mais pontos pela ajuda disponibilizada.

As instituições de solidariedade social existentes no mundo real poderão, desde já, efectuar o seu pré-registo para que sejam criadas em lotes disponíveis na plataforma 3D deste Plug-in.

Para as empresas privadas, e outras, está disponível um contrato publicitário em que a sua existência, por um determinado período de tempo, poderá ser adquirida através de uma avença (em dinheiro real) que, tal como a aquisição do Plug-in por parte dos jogadores, reverterá a favor das instituições de solidariedade que se inscrevam.

Interessante não é? Está já a digitar "poorville" na caixa de pesquisa do browser? Não vai encontrar nada, é apenas ficção minha. Uma ideia na minha cabeça que nasceu quando um jornal publicou, no dia 26 de Dezembro, no seu magazine adicional - que considero dos melhores em termos de leitura, notícias e qualidade jornalística - uma notícia sobre FarmSitting que quase ocupava duas páginas lado a lado, não fosse a meia página da direita ocupada por um anúncio publicitário onde se lia "Este Natal ajude-nos a ajudar". Esta combinação foi algo que me assustou por momentos. Depois surgiu-me a palavra: e-Pobreza.

Se por 10 euros à hora podemos não deixar fugir o ByteBobby da quinta virtual, com 13 por mês - diz-nos o mesmo magazine no passado dia 9 de Janeiro - "podemos garantir a ajuda a meninos e meninas que não tem possibilidades de ir à escola em comunidades desfavorecidas".

Interessou-lhe o Plug-in? Não se preocupe. Tem todo o acesso a ele desde já e em modo de real-time. É só sair à rua e olhar à sua volta, mas olhe com atenção porque não vai parecer igual à descrição, porém, aqui poderá experimentar realmente todas as sensações.

Não pode deixar que isso o faça perder a vontade, pois se o fizer… o jogo acabou: game-over. Mãos à obra. Ajude a ajudar. Jogue se for preciso, mas jogue para ganhar.

M.A.

Dá a mão em www.casa-apoioaosemabrigo.org/voluntarios.html
Acredita em www.acreditar.org.pt/index.php/como-ajudar/apoio-humano.html
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