terça-feira, 3 de maio de 2011

Uma vez eu vi uma ONG…

ma - uma ong

“De boas intenções está o mundo cheio, dizem. Não me parece. O mundo precisa delas, isso sim.”

(…) Aproximou-se dela e beijou-a. Tocou-lhe como se testasse a sua existência. A dúvida fez-lhe tremer de ponta a ponta e as mãos vazias escorregavam pela luz que a envolvia. A hesitação e o medo eram preliminares obrigatórios. Um momento de mágica utopia, arrepios, fôlegos e amor. Amor incondicionalmente cedido por tornar o dia de amanhã diferente. Com um sorriso a mais. Melhor: dois sorrisos ou mais.

Abraçaram-se e envolveram-se num rodopio de loucura, a pele misturava-se com os lençóis de intenção e o suor de persistência em gotas que brilhavam à luz da vida. O prazer ultrapassava qualquer expectativa e repetiram-no, vezes sem conta, até ela nascer. Perfeita. Não precisavam de mais nada. (…)

(…) De boas intenções está o mundo cheio, dizem. Não me parece. O mundo precisa delas, isso sim. O tempo espalha-se à volta do planeta tentando cobrir toda a vontade que reluz à noite. No brilho da lua, qual pólen que o vento dissemina por campos de girassóis, seres humanos a abarrotar de potencial aguardam um lençol de intenção para agarrarem todo o tempo que lhes resta e mostrarem ao mundo que é a atitude que move a vida.

Hoje vou despejar a minha vontade nos meus sonhos. Vou-me deitar um pouco na intenção e aproveitar o tempo. Amanhã vais ver. Amanhã conto contigo. Amanhã, levo-a a ti. Vais gostar de a conhecer. É fruto do tempo e da vontade, é sumo da intenção. A atitude.

in "Um momento, por favor…"
(c) 2011 Manuel Almeida