domingo, 7 de agosto de 2011

À procura do Homem

ma - fome

“Enquanto julgamos à mesa que a matamos, ela vai-se contorcendo à volta de corpos inocentes e gritando (…) Que olhais? Não vos mexeis, que não é preciso.”

Perdido. Tento perceber qual o maior assassino de todos. Nas universidades portuguesas temos droga na lanchonete. A culpa dos maus resultados é do excesso das máquinas de calcular ou então dessa, que tem mil cabeças e cospe um ácido pela boca, que nos derrete a vontade de percebermos que o país somos nós e mais ninguém, essa, a quem chamamos de crise. Sim, é a ela que temos de sentar no banco dos réus pelos resultados dessa pouco entendível disciplina onde a raíz quadrada exponencia o insucesso. A droga?... Essa é apenas uma incógnita.

(…)

Ia rodando o planeta quando de repente, ao tirar o pó do globo com o indicador, senti na ponta dos dedos o odor a osso. Fiquei seco e nem a saliva existia nas glândulas. Olhei as letras pequenas (…)

Será que falta muito para qualquer moral perceber que, se não estiver simplesmente a morrer de fome, tem armas suficientes para no dia-a-dia disparar uma acção contra essa homicida? Enquanto julgamos à mesa que a matamos, ela vai-se contorcendo à volta de corpos inocentes e gritando ao mundo num tom irónico e rindo-se da inoperância da humanidade: Que olhais? Não vos mexeis, que não é preciso.

Perdido. Que fazemos nós aqui? Vimos, vemos e vamos? Ou fazemos, de facto, algo? Perdido. Mas vou encontrar-me. Prometo.

in "Um momento, por favor…"
(c) 2011 Manuel Almeida