‘‘Calculo que numa das últimas visitas, de alternativas ao FMI, a Portugal, o bitoque tenho sido pago em vales refeição onde se poderiam ver timbradas as palavras Paz, Nobel e Convite’’
Tenha medo. No cardápio das relações internacionais há muito para escolher e muito para esconder. Uma das opções mais requisitadas no menu é a forma de evitar conflito, com uma potência imponente, evitando qualquer tipo de apoio a quem luta pela liberdade num país com qualquer tipo de mútuo interesse.
Tenha receio. Não tenho convite (e se tivesse lá estaria) para ver uma medalha, algo acorrentada, ser simbolismo de paz, liberdade e direitos humanos.
Lembro-me da época da escola em que brincava aos adultos… no parlamento. Cada um de nós tentava literalmente persuadir o outro a apoiar a sua ideia até que, um dia, todos percebemos que seria mais fácil conquistar poder para depois tudo conseguir com uma das armas mais eficazes para obter, enfim, aquilo que queremos: a ameaça.
É este o lado lunar – sem querer plagiar Rui Veloso – das relações bilaterais. Esta brincadeira vai longe demais quando jogada pelos grandes senhores que transformaram isso numa espécie de Monopólio... afinal já tem anos o jogo.
Eu não era de facto o melhor, com os dados, mas conheço um país que é líder na matéria. Como que no famoso jogo de tabuleiro em que toda a gente luta pelos Rossio nos cartões roxos, Pequim é o jogador com mais cartões no colo tendo já capacidade para começar construções no conjunto de maior área de onde se destaca um cartão com a foto de uma boneca matrioshka.
Mas tal como no jogo centenário as ruas mais baratas fazem fronteira na casa de partida onde a chegada abraçada pelo Rossio dá 200 euros por uma volta, e é aqui que entra o nosso Portugal. Já advertiu Miguel Sousa Tavares, "não há almoços grátis". Calculo que numa das últimas visitas, de alternativas ao FMI, a Portugal, o bitoque tenho sido pago em vales refeição onde se poderiam ver timbradas as palavras Paz, Nobel e Convite... bom, na verdade não acredito nisto... pois não Sr. Primeiro-ministro?
Dos nossos líderes só desejo a melhor das consciências no seu sentido humano e, que se não precisamos do FMI (decisão de que duvido seriamente), muito menos de potências que julgam ter o mundo nas mãos (mesmo que de alguma forma o tenham). É como ter um jogador na nossa equipa, futebolisticamente falando, que possa fazer todas as faltas do mundo... orgulhar-nos-íamos?!
Pois é, só faltava uma crise moral a este país. Quem sabe na próxima versão do jogo as ruas passem a dívidas públicas e os cartões de sorte e comunidade sejam trocados pelos das relações internacionais e crises variadas.
Resta agora saber se os nossos governantes estarão a esfregar as mãos pelo eventual adiamento da cerimónia ou se a cerrar os dentes por não poder mostrar ao país que somos gente boa.
Como vai ser então Sr. Presidente? Diga lá Sr. Primeiro-ministro? Será que para este assunto já se pensará em formar um governo de salvação nacional com o partido comunista?
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M.A.